Chamada para Edição Especial: Mulheres na gestão pública: caminhos para a igualdade de gênero

2024-03-05

Editoras convidadas: Iara Alves (Enap) & Michelle Fernandez (UnB).

A presença de mulheres na estrutura burocrática do Estado é importante para a representatividade de gênero na administração pública. A atuação de servidoras públicas em diferentes áreas de governo tem um importante valor simbólico para a democracia. O concurso público ampliou a participação de mulheres nas carreiras de ensino e pesquisa, saúde pública, tecnologia, gestão, justiça, polícia, diplomacia, infraestrutura, fazenda, fiscalização, advocacia pública, procuradoria, políticas sociais, entre outros.

Os estudos sobre burocracia demonstram que a representação da diversidade da população de um país no serviço público amplia a percepção de equidade de oportunidade a todas as pessoas. A representação de gênero e raça tem o poder simbólico de conferir legitimidade à entrega do serviço público, uma vez que o público beneficiário se torna mais colaborativo e engajado na coprodução da política. Por sua vez, os estudos sobre burocracia representativa indicam que a maior presença de mulheres, considerando as diversidades de classe, raça e etnia, é relevante para que as experiências, as preferências, as opiniões e as perspectivas de mais de metade da população sejam consideradas nas decisões sobre alocação de recursos públicos.

A literatura da administração pública indica ainda que os esforços empreendidos pelo setor público para ampliar a diversidade da liderança na gestão têm resultados na motivação de servidores e servidoras e no desempenho das organizações. No entanto, as mulheres no serviço público ainda enfrentam dificuldades para superar os estereótipos de gênero que as condicionam a desempenhar papéis relacionados ao cuidado das famílias e das equipes. Os números indicam que as mulheres estão em maioria nas áreas de gestão de pessoas, de educação, de assistência social e de saúde, que são políticas dedicadas ao cuidado das pessoas.

Cresce o número de mulheres na liderança de políticas públicas e nos processos de decisão de interesse nacional e internacional. O conhecimento das mulheres nas diferentes áreas da gestão pública parece não mais ser questionado, dada a grande presença de mulheres em equipes técnicas. No entanto, a baixa presença feminina em cargos e funções públicas de liderança demonstra que, mesmo tendo conhecimento, as mulheres ainda precisam provar sua capacidade de articulação política e de liderar grandes equipes.

Para avançar no debate sobre igualdade de gênero na administração pública, lançamos a Edição Especial da Revista do Serviço Público (RSP) "Mulheres na gestão pública: caminhos para a igualdade de gênero". 

A RSP tem como objetivo registrar os avanços nas pesquisas sobre a presença das mulheres na liderança pública, além de estudos sobre burocracia representativa, políticas de gestão de pessoas com foco na ampliação da diversidade de gênero e raça, combate à discriminação e violências contra a mulher no serviço público, entre outros. No debate sobre equidade, é importante destacar a relevância da perspectiva interseccional de gênero como elemento fundamental para a promoção de políticas de igualdade no setor público.

A RSP pretende viabilizar a publicação de estudos e reflexões que possibilitem o avanço do debate sobre igualdade de gênero na administração pública. Nesse sentido, nesta chamada de artigos científicos, esperamos estudos e reflexões sobre a presença ou ausência de mulheres no setor público em temas como:

  • Configuração de gênero da burocracia no Brasil;
  • Trajetórias de mulheres de diferentes raças, classes e etnias no setor público;
  • Representação de mulheres no serviço público;
  • Políticas de gestão de pessoas para o combate a discriminação de gênero e de assédio sexual e moral;
  • Instrumentos e mecanismos para promoção da igualdade e equidade de gênero, com perspectiva interseccional;
  • Práticas e experiências nacionais e internacionais de igualdade de gênero no setor público;
  • Liderança de mulheres na gestão pública;
  • Ações afirmativas para igualdade de gênero nas organizações públicas;
  • Avanços e desafios da representatividade de gênero na burocracia;
  • Experiências dos comitês de gênero nas organizações;
  • Capacitações e formações para liderança de mulheres e para fortalecer políticas de igualdade de gênero.

Diretrizes para Submissão:

Convidamos autores e autoras a submeterem artigos autorais dentro do tema proposto. Os artigos podem ser baseados em revisões de literatura, análises teóricas ou pesquisas empíricas e devem seguir as normas de submissão da revista, disponíveis no site: 

(https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/about/submissions). 

Cada autor só poderá submeter um artigo, ainda que em co-autoria.

  • Abertura da chamada para submissões: 05.03.2024
  • Prazo final para submissão de artigos: 05.07.2024

Os artigos submetidos serão pré-selecionados pela editoras convidadas por meio do desk review. Aqueles aprovados na pré-seleção serão encaminhados para avaliação por revisores/as especializados/as, garantindo a qualidade e a relevância dos trabalhos que serão publicados.

Agradecemos, antecipadamente, sua contribuição para esta edição especial.