Institucionalização dos estudos afro-brasileiros e o combate ao racismo no currículo da educação superior

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21874/rsp.v76ib.10818

Palavras-chave:

Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, educação das relações étnico-raciais, instituições federais de ensino superior, políticas de promoção de igualdade racial

Resumo

A presente pesquisa analisa a institucionalização dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) e o seu papel na qualificação do debate racial e no combate ao racismo nas universidades. O artigo apresenta o resultado do levantamento quantitativo dos NEAB em universidades e institutos federais de educação, ciência e tecnologia. Inicialmente, a pesquisa faz a linha do tempo da institucionalização dos estudos afro-brasileiros em relação à luta de incorporação dos intelectuais e epistemologias negras à academia. O Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) foi o primeiro espaço de estudos a ser criado, em 1959, na Universidade Federal da Bahia. Apesar da criação de unidades nas décadas de 1950 e 1980, o aumento na quantidade de NEAB se dá a partir do debate de ações afirmativas para estudantes negros a partir dos anos 2000. Os espaços de estudos afro-brasileiros têm diferentes nomenclaturas e estão vinculados a diferentes estruturas em instituições de ensino superior. A partir do modelo de levantamento de departamentos e centro de estudos negros feito por Alkalimat (2013), é realizada a pesquisa nos sites de instituições federais brasileiras. O levantamento identificou 133 NEAB e NEABI em instituições de ensino superior. Em seguida, são feitas representações cartográficas da distribuição espacial dos núcleos, centros e demais unidades de estudos afro-brasileiros. Tal representação identificou a concentração de NEAB e NEABI no Sudeste; e a concentração em determinados estados, como São Paulo e Rio de Janeiro.

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Biografia do Autor

Dalila Fernandes de Negreiros, Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Brasília – DF, Brasil

Doutora em African and African Diaspora Studies pela Universidade do Wisconsin-Milwaukee. Mestra profissional em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Especialista em Educação para Diversidade e cidadania pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Ativista e pesquisadora em políticas de igualdade racial no Brasil e estudos comparados de políticas raciais no Brasil e nos Estados Unidos.

Fabiana Oliveira Machado, Universidade de Brasília (UnB), Brasília – DF, Brasil

Doutoranda em Geografia, Mestre e Bacharel em Geografia pela Universidade de Brasília (UnB). Especialista em Gestão Pública pela Universidade Estadual de Goiás (UEG). Especialista em Docência em Educação Superior pelo instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB). Especialista em Docência no Ensino de Geografia pelo Centro Universitário UniBF. 

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Publicado

2025-12-15

Como Citar

Fernandes de Negreiros, D., & Oliveira Machado, F. (2025). Institucionalização dos estudos afro-brasileiros e o combate ao racismo no currículo da educação superior. Revista Do Serviço Público, 76(b), 205-227. https://doi.org/10.21874/rsp.v76ib.10818

Edição

Seção

Edição especial - Raça, racismo e equidade racial (encerrada)