Práticas antirracistas e povos indígenas

uma análise sobre políticas institucionais na Universidade Federal de Santa Catarina

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21874/rsp.v76ib.10823

Palavras-chave:

racismo, antirracismo, indígenas, serviço público, universidade

Resumo

No contexto da rede de instituições que compõem o serviço público, este artigo tem por foco as instituições federais de educação superior, especificamente na Universidade Federal de Santa Catarina. O estudo analisa os programas e políticas de acesso e permanência estudantil entre 2008 e 2024, bem como o acesso de indígenas servidores técnicos e docentes. O ingresso de indígenas no serviço público brasileiro tem sido debatido no âmbito do movimento indígena e de articulações políticas que lutam por maior representatividade. A presente pesquisa evidenciou que a nomeação do racismo anti-indígena feita pela mobilização universitária indígena e acolhida por trabalhadoras/es da universidade, produziu efeitos institucionais de mudanças em compreensões administrativas. O estudo reforça a necessidade de ampliar a presença indígena não apenas por meio de cotas para estudantes de graduação e pós-graduação, mas também assegurando a inclusão de indígenas, servidores técnicos e docentes nas universidades. Práticas antirracistas que contemplem as especificidades indígenas são urgentes para enfrentar o racismo anti-indígena e institucional no serviço público.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Iclicia Viana, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis – SC, Brasil

Doutoranda e mestre pelo Programa de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Psicóloga Educacional e trabalhadora técnica administrativa em educação na UFSC. Membro da Cátedra UNESCO Antonieta de Barros.

Bárbara Nobrega Simão, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis – SC, Brasil

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFMG). Assistente Social e trabalhadora técnica administrativa em educação na UFSC. Membro da Cátedra UNESCO Antonieta de Barros.

Jéssica Saraiva da Silva, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis – SC, Brasil

Mestranda pelo Programa de Tecnologia da Comunicação e Informação da UFSC. Especialista em Psicopedagogia (UNOESC). Assistente social e trabalhadora Tecnica em educação na UFSC.

 

Rossana Lopes Pereira de Souza, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis – SC, Brasil

Mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).. Assistente Social e Trabalhadora Técnico-Administrativa em Educação na UFSC.

Vanessa Eidam, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis – SC, Brasil

Mestre em Serviço Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Assistente Social e Trabalhadora Técnico-Administrativa em Educação na UFSC.

Vitória Miranda, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis – SC, Brasil

Pós-graduada em Gestão Pública pela Faculdade Focus. Assistente Social e trabalhadora técnica administrativa em educação na UFSC.

Referências

ALMEIDA, S. L. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019. 264 p.

AMORIM, Marília. A contribuição de Mikhail Bakhtin: a tripla articulação ética, estética e epistemológica. Ciências humanas e pesquisa: leituras de Mikhail Bakhtin. São Paulo: Cortez, p. 1-14, 2003.

BANIWA, G. A. A conquista da cidadania indígena e o fantasma da tutela no Brasil contemporâneo. In: Constituições Nacionais e povos Indígenas. Ramos, A. (org.) Belo Horizonte: Editora UFMG, p. 206–227, 2012.

BANIWA, B. Mulheres: corpos-territórios indígenas em resistência! Porto Alegre: Fundação Luterana de Diaconia: Conselho de Missão entre Povos Indígenas, 2023.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep. Ministério da Educação. Sinopse do Censo da Educação Superior. 2018. Disponível em: < https://www.gov.br/inep >. Acesso em: 20 fev. 2025.

BRASIL(a). Ministério da Educação. Decreto n. 7.234, de 19 de julho de 2010. Dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil - PNAES. Diário Oficial da União. Brasília, 2010.

BRASIL(b). Presidência da República. Lei n° 12.228 de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial. 2020.

BENTO, M. A. O pacto da branquitude. 1a ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

BERGAMASCHI, M. A.; DOEBBER, M. B.; BRITO, P. Estudantes indígenas em universidades brasileiras: um estudo das políticas de acesso e permanência. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos RBEP-INEP, v. 99, p. 37–53, 2018. https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.99i251.3317

FIGUEIREDO, L. V. Curso de direito administrativo. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2003.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

KAYAPÓ, E. Universidade: território indígena! Edson Kayapó, Kassiane Schwingel (Orgs.). Porto Alegre: COMIN: Fundação Luterana de Diaconia, 2021.

LONGHINI, G. D. N. Nhande Ayvu é da cor da terra: perspectivas indígenas guarani sobre etnogenocídio, raça, etnia e branquitude. Tese (doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2022.

MATO, D. Fatores-chave na naturalização e reprodução do racismo no ensino superior na América Latina. Lições aprendidas para a elaboração de políticas e iniciativas antirracistas. Revista Latino-Americana de Políticas e Administração Educacional, n. 21, p. 124–139, 23 dez. 2024. https://doi.org/10.24215/23143751e2098

MUNANGA, K. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia. In Programa de educação sobre o negro na sociedade brasileira. Niterói, EDUFF, 2002.

MILANEZ, F. et al . Existência e diferença: o racismo contra os povos indígenas. Revista Direito e Práxis, v. 10, n. 3, p. 2161–2181, jul. 2019. https://doi.org/10.1590/2179-8966/2019/43886

NASCIMENTO, C. M. Elementos conceituais para pensar a política de assistência estudantil na atualidade. In: Fonaprace: Revista Comemorativa 25, 149 anos: histórias, memórias e múltiplos olhares. Org. Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis, coordenação: ANDIFES. UFU, PROEX. p. 147–157, 2012.

NASCIMENTO, R. G. Entre “inclusão social e étnico-racial” e a “busca por autonomia e protagonismo indígena”: mapeamento de ações para a educação superior de povos indígenas no Brasil. In: MATO, Danie et al. (Org.). Educación superior y pueblos indígenas en América latina: contextos y experiencias. Sáenz Peña: Universidad Nacional de Tres de Febrero, 2015. p. 97–116.

NASCIMENTO, R. G. A universidade não está preparada para a diversidade: racismo, universidades e povos indígenas no Brasil. Universidades, v. 72, n. 87, p. 73–89, 2021. https://www.udualerreu.org/index.php/universidades/article/view/524

PASSOS, J. C. dos. Relações raciais, cultura acadêmica e tensionamentos após ações afirmativas. Educação em Revista, [S.L.], v. 31, n. 2, p. 155–182, jun. 2015. https://www.scielo.br/j/edur/a/GzcL6VPqbGDxbrgwzvJ9Chy/

SPINK, M. J et al. A produção de informação na pesquisa social: compartilhando ferramentas.1.ed. – Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2014.

SPINK, P.; MEDRADO, B. Produção de sentido no cotidiano: uma abordagem teórico metodológica para análise das práticas discursivas. In: Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano. São Paulo: Cortez, 1999.

SOUZA, C. C. O movimento indígena na luta pelas ações afirmativas: é preciso descolonizar. In: SCHERER-WARREN, I.; PASSOS, J. C (org). Ações afirmativas na universidade – abrindo novos caminhos. Florianópolis: Ed UFSC, 2016.

STOLF, Franciele. Assistência estudantil na Universidade Federal de Santa Catarina: uma análise inicial do programa Bolsa Estudantil. 2014. 156 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014.

TASSINARI et al. A presença de estudantes indígenas na Universidade Federal de Santa Catarina: um panorama a partir do 190 Programa de Ações Afirmativas – PAA/UFSC. Século XXI, Revista de Ciências Sociais, v.3, n. 1, p. 212–236, jan./jun, 2013. https://periodicos.ufsm.br/seculoxxi/article/view/11226

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Relatório de Monitoramento e Avaliação da Política de Enfrentamento ao Racismo. Pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade. Grupo de Trabalho de Elaboração da Política de Enfrentamento ao Racismo na UFSC. 2024.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Portaria Normativa nº 477/GR/2023. Dispõe sobre Provimento de vagas docentes indígenas para a Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2023.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Resolução Normativa nº 175/CUn/2022. Dispõe sobre a Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional no âmbito da Universidade Federal de Santa Catarina e dá outras providências. Florianópolis, 2022.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Resolução Normativa nº 52/CUn/2020. Dispõe sobre a Política de ações afirmativas para negros (pretos e pardos), indígenas, pessoas com deficiência e outras categorias de vulnerabilidade nos cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sencu da UFSC. Florianópolis, 2020.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PRAE. Portaria Normativa nº 12/PRAE/2019. Florianópolis, 2019.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Resolução Normativa nº 32/CUn/2013. Cria o Programa Bolsa Estudantil-UFSC, em conformidade com a Portaria nº 389 do MEC e com o Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010. Florianópolis, 2013.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Resolução Normativa nº 52/CUn/2015. Dispõe sobre a Política de Ações Afirmativas no âmbito da Universidade Federal de Santa Catarina para os processos seletivos de 2016 a 2022. Florianópolis, 2015.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Resolução Normativa nº 008/CUN/2007. Cria o Programa de Ações Afirmativas da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2007.

UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura). Declaração das Nações Unidas sobre direitos dos povos indígenas: direitos e repostas. Brasília: UNIC-Rio, 2008.

VIANA, I. Entre fronteiras: re-existência Laklãnõ Xokleng em uma universidade pública. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós Graduação em Psicologia. Universidade Federal de Santa Catarina, Fpolis, 2017.

VIANA, I.; SIMÃO, B.N. Enfrentando o racismo na universidade – relato de experiência de uma política antirracista. Trabalho completo publicado nos anais do IX Congresso de Pesquisadores Negros e Negras do Nordeste (COPENE), 2023.

XAKRIABÁ, C.; RODRIGUES, A. P. A política e a poética de Célia Xakriabá: três discursos da primeira deputada indígena eleita por Minas Gerais (2022). Mana, v. 29, n. 2, p. e2023030, 2023. 10.1590/1678-49442023v29n2e2023030.pt

Downloads

Publicado

2025-12-15

Como Citar

Viana, I., Simão, B. N., da Silva, J. S. ., Pereira de Souza, R. L. ., Eidam, V., & Miranda, V. (2025). Práticas antirracistas e povos indígenas: uma análise sobre políticas institucionais na Universidade Federal de Santa Catarina. Revista Do Serviço Público, 76(b), 179-204. https://doi.org/10.21874/rsp.v76ib.10823

Edição

Seção

Edição especial - Raça, racismo e equidade racial (encerrada)