Análise do Poder Executivo do Estado de Santa Catarina na perspectiva de gênero

qual o lugar das mulheres?

Autores

Palavras-chave:

gênero, administração pública, Poder Executivo de Santa Catarina

Resumo

A construção social sobre o sexo é o que se denomina gênero. O gênero é a base da divisão sexual
do trabalho e de assimetrias entre os sexos. Visando analisar a distribuição de homens e mulheres
no quadro funcional do Poder Executivo de Santa Catarina, este artigo apresenta um mapeamento
inédito para se refletir o Estado como agente, ou não, da igualdade de gênero. Os dados analisados
foram extraídos do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos (SIGRH), gerenciado pela
Secretaria de Estado da Administração. As análises evidenciaram uma importante desigualdade
de gênero, o que se materializa numa remuneração média notadamente desigual entre homens e
mulheres. À medida que se avança nas posições de poder, as mulheres se tornam mais raras e os
homens mais frequentes. A divisão sexual do trabalho foi outro achado importante, uma vez que
a Secretaria da Educação é a pasta que abriga o maior contingente de mulheres da administração
pública do estado e detém a menor média salarial dentre todas as secretarias. Os dados indicam
que as mulheres ocupam um lugar de subalternidade, o que é particularmente alarmante já que o
aparelho público tem papel relevante como indutor de comportamentos individuais e coletivos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Helena Salles, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora do Dpto de Administração da UFSC e Subcoordenadora do Programa de Pós Graduação em Administração. Líder do Grupo de Pesquisa Observatório da Realidade Organizacional e membro da Sociedade Brasileira de Estudos Organizacionais.

Referências

Abreu, Maria Aparecida; Meirelles, Raquel.Mulheres e homens em ocupação de cargos de direção e

assessoramento superior (DAS) na carreira de especialista em políticas públicas e gestão governamental

(EPPGG). Texto para discussão 1797. Rio de Janeiro: Ipea, 2012.

Andrade, Tânia. Mulheres no mercado de trabalho: onde nasce a desigualdade? Câmara dos Deputados,

Consultoria Legislativa da Área V, 2016. (Estudo técnico).

Alvesson, Mats; BILLING, Yvonne. Understanding gender and organizations. London: Sage, 1997

Barroso, Carmen. A chefia feminina na administração pública brasileira. Revista de Administração

Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 17-30, jun. 1990. ISSN 1982-3134.

Bittar, Ana Teresa; Eleutério, Fernanda. Gênero e liderança: as motivações de mulheres que

declinaram de cargos de liderança. 2018. 91 f. TCC (Graduação) – Curso de Administração, Universidade

Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.

Butler, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 2003. 238 p.

Calás, Marta; Smircich, Linda. Do ponto de vista da mulher: abordagens feministas em estudos

organizacionais. In: Clegg, S. R.et al. (ed.). Handbook de estudos organizacionais. São Paulo: Atlas,

Chandler, Diane. The impact of social modeling, cultural values, and support systems on the

leadership development of emerging global women leaders. Advancing Woman in Leadership Journal,

v. 28, p. 7-7, 2008. 1p.

Crenshaw, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial

relativos ao gênero. Rev. Estud. Fem., Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 171-188, jan. 2002.

Davis, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016.

p.

Diniz, Ana Paula. Feminilidades e masculinidades no trabalho. In: Carrieri, A; Teixeira, J;

Nascimento, M. Gênero e trabalho: perspectivas, possibilidades e desafios no campo dos estudos

organizacionais. Salvador: Edufba, 2016. Cap. 4. p. 131-158.

Eagly, Alice H.; Carli, Alice H. Through the labyrinth: the truth about how women become leaders.

Boston: Harvard Business Press, 2007. 308 p.

Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Servidores públicos federais: gênero – 2014

(Cartilha). Brasília: Enap, 2014. 19 p.

Firmino, Camila; Silva, Filipe. Desigualdades de gênero no serviço público do Poder Executivo

federal. In: Palotti, Pedro; Freire, Alessandro (org.). Servidores públicos federais: novos olhares e

perspectivas. Brasília: Enap, 2015.

Giddens, Anthony. A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades

modernas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1993.

Gomes, Almiralva Ferraz. O outro no trabalho: mulher e gestão. REGE Revista de Gestão, São Paulo, v.

, n. 3, p. 1-9, 2005.

Gontijo, Miriam Rabelo; Melo, Marlene Catarina de Oliveira Lopes. Da inserção ao empoderamento:

análise da trajetória de diretoras de instituições privadas de ensino superior de Belo Horizonte. REAd.

Rev. eletrôn. adm., Porto Alegre. v. 23, n. esp., p. 126-157, dez. 2017.

Hirata, Helena; Kergoat, Danièle. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cad. Pesqui.,

São Paulo, v. 37, n. 132, p. 595-609, dez. 2007.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estatísticas de gênero: indicadores sociais

das mulheres no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais, 2018.

Kanan, Lilia Aparecida. Poder e liderança de mulheres nas organizações de trabalho. Organizações &

Sociedade, Salvador, v. 17, n. 53, p. 243-257, abr. 2010.

Kergoat, Danièle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: Hirata, Helena et al.

(org.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Unesp, 2009.

Louro, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 16. ed.

Petrópolis: Vozes, 2014.

Miranda, Patrícia. A construção social das identidades de gênero nas crianças: um estudo intensivo

em Viseu. In: Congresso Português de Sociologia, 6., 2008, Lisboa. Anais [...]. Lisboa: Associação

Portuguesa de Sociologia, 2008. p. 2-12.

ONU Mulheres. Diretrizes nacionais feminicídio: investigar, processar e julgar com perspectiva de

gênero as mortes violentas de mulheres (Curadoria Enap). Brasília: ONU Mulheres, 2016.

Perrot, Michelle. Escrever uma história das mulheres: relato de uma experiência. Cadernos Pagu,

Campinas-SP, n. 4, p. 9-28, 1995. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/

cadpagu/article/view/1733. Acesso em: 12 abr. 2021.

Puff, Jefferson. Mais escolarizadas, mulheres ainda ganham menos e têm dificuldades de subir

na carreira. 2014. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/10/141031_

desigualdade_fd. Acesso em: 12 abr. 2021.

SAFFIOTI, Heleieth. Força de trabalho feminina no Brasil: no interior das cifras. Perspectivas: Revista

de Ciências Sociais, v. 8, p. 95-141, 1985.

Santa Catarina (estado). Atribuições da Coordenadoria Estadual da Mulher. Disponível em: https://

www.cem.sc.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Itemid=36&lang=brazilian_

portuguese. Acesso em: 03 mar. 2020.

______. Lei Complementar n0 381, de 07 de maio de 2007. Dispõe sobre servidores e serviços públicos

e estabelece outras providências. Florianópolis, SC, 2007. Disponível em:http://leis.alesc.sc.gov.br/

html/2007/381_2007_Lei_complementar.html. Acesso em: 12 abr. 2021.

______. Lei Complementar nº 676, de 12 de julho de 2016. Institui o Plano de Cargos e Vencimentos dos

servidores públicos civis do Quadro de Pessoal do Poder Executivo e estabelece outras providências.

Florianópolis, SC, 2016. Disponível em: http://leis.alesc.sc.gov.br/html/2016/676_2016_Lei_

complementar.html. Acesso em: abr.2021.

Scott, Joan. Gender: A useful category of historical analysis. In: Scott, Joan. Gender and the politics

of history. New York: Columbia University Press. 1989. (capítulo traduzido por Christine Rufino Dabat

e Maria Betânia Ávila).

Downloads

Publicado

2022-12-27

Como Citar

Salles, H. K. de. (2022). Análise do Poder Executivo do Estado de Santa Catarina na perspectiva de gênero: qual o lugar das mulheres?. Revista Do Serviço Público, 73(4), 673-695. Recuperado de https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/4746

Edição

Seção

Artigos